quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Ex-Trio Sabiá, Aluízio Cruz prepara novo cd em carreira solo






São mais de 30 anos dedicados ao forró pé de serra, dos quais foram 21 integrando o Trio Sabiá, um dos nomes mais populares do forró pé de serra do sudeste. Sua última apresentação com o trio foi em julho deste ano, e, de lá pra cá, tem se dedicado na finalização de seu novo cd, agora em carreira solo. Estamos falando de José Aluízio de Jesus Cruz, ou simplesmente Aluízio Cruz, cantor e compositor, sergipano de Simão Dias, que vive uma nova fase em sua trajetória desde que deixou a companhia de Tio Joca e Zito para alçar vôo próprio.

Aluízio está finalizando o seu cd solo intitulado "Forró bom", que conta com um repertório inteiramente autoral. Embora se mantenha fiel ao estilo pé de serra, o cantor pretende adotar uma musicalidade um pouco diferente da que era ouvida no Trio Sabiá. Para saber um pouco mais sobre o "Forró bom" e sua carreira, o blog do Ralabucho fez uma entrevista exclusiva com Aluízio, que falou com muito entusiasmo acerca de seus novos projetos. Confiram:

Ralabucho - Foram mais de 20 anos à frente do Trio Sabiá. O que o levou à decisão de retomar uma carreira solo?

Aluízio - A busca por novos ideais, que pretendo ampliar no cenário da cultura popular brasileira.

Ralabucho - Como foi a reação do público, dos fãs, ao saberem que você havia deixado o Trio Sabiá?

Aluízio - Inicialmente ficaram surpresos ao saber da minha saída do trio, mas, ao mesmo tempo, recebi bastante incentivo deles nesse meu novo trabalho. 

Ralabucho - Embora seja nordestino, de Sergipe, você está radicado em São Paulo há mais de 3 décadas. Você percebe alguma diferença entre o forró tradicional praticado aqui no Nordeste e o do Sudeste?

Aluízio - Eu cheguei em São Paulo em 1980, comecei a cantar o forró em 1983, mas desde os 9, 10 anos que eu escuto Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste. Mas não vejo diferença não, o forró pé de serra é igual nos quatro cantos do mundo.

Ralabucho - O Trio Sabiá atravessou o período do chamado forró universitário, nos anos 90, e influenciou bastante a nova geração de forrozeiros do sudeste. Como você viu aquele movimento?

Aluízio - Vi de forma positiva, porque esse movimento abriu as portas para o forró pé de serra aqui.

Ralabucho - Fale um pouco do seu primeiro trabalho nessa nova fase, o cd "Forró bom". Quando será lançado? Há participações especiais?

Aluízio - O disco já está praticamente finalizado. A capa já está pronta, a contracapa também. Faltam apenas alguns detalhes, como, por exemplo, escrever um histórico da minha carreira, minha trajetória no forró, que pretendo inserir no material. O trabalho contém 15 canções, dentre forrós, xotes, baiões e arrasta-pés, todas de minha autoria, e também haverá participações, como a de Enok, do Trio Virgulino, que canta comigo a faixa "Xote das Loirinhas". Todos os arranjos são meus, fiquei muito tempo trabalhando neles, são simples, mas muito bem feitos. Acho que as músicas devem ter arranjos adequados, sem um arranjo bom fica não fica legal. Meu trabalho está muito bacana, estou muito feliz com ele e entusiasmado com essa nova fase. Pretendo lançar o cd agora em dezembro próximo.

Ralabucho - O "Forró bom" possui todas as faixas autorais, como você falou. É uma tendência que você pretende seguir, gravando principalmente canções autorais?

Aluízio - Não, não. Espero incluir, nos próximos trabalhos, canções de outros compositores também. Tenho várias músicas antigas com parcerias, algumas até inéditas, mas no "Forró bom" incluí apenas músicas novas.

Ralabucho - Quais foram os músicos que o acompanharam nessas gravações? Quais você pretende levar nas apresentações?

Aluízio - Tom Silva (sanfona), Tiziu do Araripe (zabumba), Carlinhos de Lia (contrabaixo), Tiaguinho (cavaco) e vários outros. Todos os músicos que participaram das gravações são grandes profissionais. Espero contar sempre com eles.

Ralabucho - Antes de ingressar no Trio Sabiá, você já tinha algumas músicas gravadas em carreira solo. Serão relançadas?

Aluízio - Eu realmente já possuía algumas músicas gravadas em 1990, mas que nunca foram lançadas. Recentemente, incentivado por um amigo, Ivan (do Rootstock), acabei usando essas canções para fazer um cd demonstrativo, promocional, intitulado "Cravo e Canela". As músicas são muito boas, tem bons forrós, como "Claridade", "Frevo baiano" e "Cravo e canela", faixa-título. É um trabalho bem gostoso de se ouvir.

Obs.: após a realização dessa entrevista, o cd "Cravo e canela" foi disponibilizado para download no site Forró em Vinil, no seguinte link: www.forroemvinil.com/aluizio-cruz-aluizio-cruz/

Ralabucho - E em relação aos shows, como anda a agenda?

Aluízio - Graças a Deus está tudo certo e continuo fazendo os meus shows. Também estou finalizando meu site, que é o www.aluiziocruz.com, que vai ter meu histórico, músicas, vídeos e espaço para contatos.

domingo, 14 de setembro de 2014

Targino Gondim e Canções Divinas

Targino Gondim, juntamente com o style Zezinho, Padre Valson e a fotógrafa Josefa Coimbra
(foto tirada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador)


Sanfoneiro prepara disco com temática religiosa


O músico pernambucano Targino Gondim finalizou, em Salvador/BA, as gravações para o seu próximo cd, intitulado "Targino Gondim e Canções Divinas", composto por diversos cânticos católicos. Em trabalhos anteriores, o sanfoneiro utilizou temas como a região do semi-árido nordestino (no cd "Belo Sertão", com Nilton Freitas e Roberto Malvezzi), as festas juninas (cd "Canções Joaninas") e também prestou homenagens a seu ídolo Luiz Gonzaga (cds "Canções de Luiz" e "Mais canções de Luiz"). Agora chegou a vez de demonstrar, através das canções, sua fé e devoção. "Desde o ano de 2005 pensei em um trabalho voltado para a fé do povo brasileiro, principalmente a fé do povo nordestino", afirma o cantor. "Em todas as canções mostro o anseio de um povo sofrido e esperançoso, e trago na minha sanfona e voz o desejo e fé do nosso Povo de Deus", completa.

No cd serão incluídas 16 músicas, como "Hino ao Senhor do Bonfim", de Arthur Sales/João Antônio Wanderley, "Nossa Senhora da Conceição", de Dominguinhos/Anastácia, "Oração da Família", de Padre Zezinho, além das conhecidas "Romaria", de Renato Teixeira, e "Ave Maria Sertaneja", de Júlio Ricardo/O. de Oliveira, consagrada na voz de Luiz Gonzaga. Também foram gravadas 3 canções autorais: "O Papa Francisco", em parceria com o compositor Wilson Duarte, e "Clara" e "Senhor Jesus", compostas com Manuca Almeida, parceiro de Targino Gondim (juntamente com Raimundinho do Acordeon) no maior sucesso de sua carreira, "Esperando na janela".

O lançamento do álbum está previsto para novembro. Sobre a motivação para o cd, Targino revela: "Quando criança, fui levado para missas, quermesses, novenas e cresci vendo tudo isso. Tornei-me artista, participei, contribuí com minha voz e sanfona por muitas e muitas vezes nos eventos litúrgicos, filantrópicos, de ajuda ao próximo. E sempre me senti muito atraído e emocionado nas minhas visitas aos Santuários de Aparecida, Bom Jesus da Lapa, Padre Cícero e Nossa Senhora da Conceição, da Penha e de Fátima". O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que em sua carreira também gravou diversas canções de natureza religiosa, deve estar, lá de cima, orgulhoso do seu talentoso discípulo.

Targino Gondim e Padre Valson

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Lenda viva do forró, Zé Calixto lança o cd "Tocando pra se dançar"



Com pouco mais de 80 anos de idade, o instrumentista paraibano Zé Calixto mostra mais uma vez porque é considerado um dos maiores tocadores do fole de 8 baixos ao lançar o excelente cd "Tocando pra se dançar" (DN Music), após um hiato de 6 anos - o último cd solo, "Poeta da Sanfona", saiu em 2008.

Integrante da chamada velha guarda do forró pé de serra, Zé Calixto esbanja habilidade na difícil (para nós, mortais) arte de tocar 8 baixos, em regravações de clássicos de sua carreira como "Guarajá no Varandão" (Zé Calixto/De Castro - 1969), "Xote em fá" (Zé Calixto - 1960), "Saudade de Tambaú" (Zé Calixto - 1962) e "Forró do Seu Dideu" (Zé Calixto - 1960), homenagem a seu pai, Seu "Dideus". O músico paraibano também incluiu composições de nomes tradicionais do forró, como Dominguinhos/Anastácia ("Eu me lembro"), Zé Gonzaga/João do Vale ("Madalena"), Zé Dantas ("São João no Arraiá") e Jackson do Pandeiro ("A pisada é essa", gravada anteriormente por Zé Calixto em 1963). Além dos tradicionais ritmos nordestinos, o paraibano não esqueceu, logicamente, do choro, em faixas como "Bole-bole" (Jacob do Bandolim" e "Choromingo" (Zé Calixto). Das 14 músicas do disco, apenas 3 não são instrumentais: "Madalena", cantada por Reginaldo Regis, "Eu me lembro", por Caboré, e "São João no Arraiá", na qual o paraibano divide os vocais com João Mossoró. Sim, isso mesmo, Zé Calixto se arrisca como cantor, como poucas vezes se viu em sua extensa carreira.

Produzido por Carlinhos Calixto, filho de Zé Calixto, e que também executa diversos instrumentos nas gravações, "Tocando pra se dançar" é um cd pra se ouvir do início ao fim, se possível com a tecla "repeat" do aparelho pressionada. É a prova da importância da pouco valorizada sanfona de 8 baixos, que Zé Calixto tanto difundiu em toda sua carreira, e que tem seu irmão, Luizinho Calixto, como um dos maiores defensores da memória e manutenção do instrumento. Puxa o fole, Calixto!

A volta do Ralabucho!

Amigos forrozeiros, após um período de pouco mais de 1 ano sem postagens, o Programa Ralabucho está de volta. Teremos um novo formato, com mais postagens escritas, além das tradicionais gravações. Informações, notícias sobre discos e artistas, entrevistas, tudo isso estará presente no nosso blog. As gravações serão quinzenais.

Abraços forrozeiros a todos!